Em todos estes anos de consultoria, venho percebendo uma mudança no comportamento das pessoas e das lideranças dentro das empresas no sentido de entender melhor o comportamento humano e como lidar e apoiar os colaboradores que apresentam problemas de ordem profissional e até pessoal. Cada vez mais a liderança se volta para pessoas e procura ferramentas para uma gestão mais próxima dos funcionários. 

Isso tudo porque não estamos mais na era do comando e controle. Estamos na era do conhecimento, da inovação, da informação. Os comportamentos baseados no manda quem pode e obedece quem tem juízo enfraqueceram os gestores que até hoje se fazem desse uso. 

Esse tipo de gestor costuma ser péssimo ouvinte. Na era do conhecimento, informação, inovação, as pessoas com seus sentimentos, conflitos, problemas, genialidades e potenciais, são a base de qualquer empresa para crescer, inovar, enfrentar crises e tantas outras problemáticas que acontecem no dia a dia.

Dentro desse cenário todo de mudança, surge a escuta ativa dentro das empresas. O nível gerencial e o RH muito falam que o nível de gestão de base deve ouvir os funcionários. Mas qual o preparo e tempo que este nível de gestão tem para ouvir e entender as pessoas de maneira ativa, empática e ética? 

Isto muito que as empresas devem sim fazer uso da escuta ativa dentro das organizações, mas aquela escuta realmente ativa. Devemos procurar o nossos colaboradores ativamente e perguntar como eles estão, abrindo assim um campo de conversa informal que fortalece laços e alianças. Quando você faz uma pergunta de forma aberta para uma pessoa, mostra que você está aberto para ouvir o que ela quiser dizer.

Kevin resolveu que, daquele dia em diante, ia melhorar. Em vez de pensar em oito coisas ao mesmo tempo quando se encontrava com alguém, ele se faria presente. Em vez de abordar cada conversa como uma transação comercial, interromper as pessoas e dizer-lhes o que deveriam fazer, pediria minúcias do contexto e sugestões.

Ele se comprometeu a estabelecer uma rotina de pesquisas, conversas e mecanismos de feedback que lhe abririam frentes de comunicação dentro e fora da empresa e lhe possibilitariam captar melhor os primeiros sinais de perigo e os lampejos de novas oportunidades.

Nenhuma escola de administração ensina a escutar, mas esta é uma habilidade essencial a todos os líderes que desejam neutralizar as múltiplas forças capazes de levá-los a acreditar que sabem tudo o que acontece na empresa

Na vida dos líderes seniores, especialmente os CEOs, reside um paradoxo: eles têm acesso a mais linhas de comunicação do que qualquer outra pessoa, mas a informação que lhes chega é suspeita e comprometida. Os sinais que exigem sua atenção são reprimidos. Os principais fatos lhes são omitidos. Os conjuntos de dados são apresentados de forma positiva. Às vezes, quando percebem isso, acordam no meio da noite perguntando-se: “Como vou descobrir o que preciso saber?”.

Escutar exige muito mais esforço do que a maioria dos líderes imagina. Dezenas de problemas surgem dentro das empresas, alguns com o potencial de paralisá-las se não forem controlados. Habilidades de escuta são imprescindíveis não apenas para evitar crises potenciais, mas também para garantir que boas ideias surjam em qualquer lugar. “Você não sabe de onde virão as melhores ideias”, diz Tim Brown, presidente da empresa de design IDEO, da qual foi CEO por 19 anos. “Empenhe-se em identificá-las e promovê-las, e não permita que o cargo das pessoas determine o poder de influência de suas ideias.”

AUTORIA: Sonia Cerqueira – Consultora – Alfa Zero.

19/07/2021